Estudo da capacidade e competência de Lutzomyia longipalpis (DIPTERA: PSYCHODIDAE) como vetor de Leishmania (Leishmania) amazonensi

2021 
Estudos de capacidade e competencia vetorial requerem a disponibilidade de colonias de insetos vetores de doencas em condicoes laboratoriais. O taxon Lutzomyia longipalpis e incriminado como vetor natural de Leishmania (Leishmania) infantum, porem tem se demonstrado permissivo para varias especies de Leishmania que causam leishmaniose tegumentar americana (LTA). Por esta razao, o trabalho teve como objetivo demonstrar a competencia de Lu. longipalpis em transmitir Leishmania (Leishmania) amazonensis em camundongo causando manifestacao clinica de LTA no animal. Inicialmente, foi estabelecida uma colonia de Lu. longipalpis a partir de femeas capturadas no municipio da Raposa, MA, utilizando-se armadilha luminosa do tipo CDC. A colonia produziu dez geracoes (F10) a partir da geracao parental (P). A maior produtividade da colonia foi nas quatro primeiras geracoes. O ciclo de vida completo durou, em media, 28 + 0,5 dias, a 27°C e umidade relativa de 80%. Os ovos inviaveis representaram mais de 50% do total de ovos produzidos pelas femeas ingurgitadas, enquanto as pupas apresentaram indice de mortalidade de apenas 2%. Nos ensaios de capacidade e competencia vetorial, 291 femeas de Lu. longipalpis de geracao F1, F2 e F3 (livre de infeccao de Leishmania) realizaram um primeiro repasto sanguineo em camundongos infectados com Le. amazonensis (linhagem IFLA/BR/1968/PH8). Apos a alimentacao, 52,6% positivaram DNA de Leishmania. Destes, 17 (dos quais 58,8% foram positivos para Leishmania por dissecacao do intestino) efetuaram um segundo repasto sanguineo em camundongos nao infectados. Apos 27 dias de infeccao, um dos camundongos apresentou um edema no membro anterior direito caracteristico de lesao leishmaniotica. O teste de diluicao limitante e as analises imunohistopatologicas confirmaram a ocorrencia de formas promastigotas e amastigostas de Leishmania, respectivamente, na lesao do membro anterior do animal. Tambem foi detectado DNA do parasita em lesoes do membro anterior esquerdo e linfonodo popliteo. O sequenciamento do DNA confirmou a especie Leishmania tanto em insetos como no camundongo. Os resultados confirmam a capacidade de Lu. longipalpis sustentar a infeccao e transmitir experimentalmente Le. amazonensis a roedores, induzindo lesoes leishmanioticas. Do ponto de vista epidemiologico da LTA urbana, onde tanto Lu. longipalpis como Le. amozonensis coabitam extensivamente pelo Novo Mundo, inclusive em varias regioes do Brasil, a suscetibilidade do teste de transmissao confirma a possibilidade do papel vetorial deste flebotomineo para transmitir Le. amazonensis na regiao estudada.
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