Projeto Para Ela, Por Elas, Por Eles, Por Nós: opiniões e atitudes de profissionais acerca da atenção à mulher em situação de violência, em 10 municípios brasileiros

2016 
O Projeto Atencao Integral a Saude da Mulher em Situacao de Violencia: Para Elas, Por Elas, Por Eles, Por Nos, ou simplesmente Para Elas, como tem sido popularmente conhecido, e de âmbito nacional e esta sendo executado pelo Nucleo de Promocao de Saude e Paz do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do Mestrado Profissional em Promocao da Saude e Prevencao da Violencia, com apoio tecnico e financeiro do Ministerio da Saude (MS). Esse grande projeto de abordagem da mulher em situacao de violencia tem como um de seus objetivos contribuir com as acoes estrategicas da Politica Nacional de Atencao Integral a Saude da Mulher (PNAISM) e com o Pacto Nacional de Enfrentamento da Violencia Contra a Mulher. Uma das metas do Projeto e a organizacao de servicos e equipes em municipios prioritarios, sede de Territorios de Cidadania, distribuidos nas cinco macrorregioes brasileiras, que foram definidos, em 2011, pelo Forum Nacional Permanente de Enfrentamento a violencia Contra as Mulheres do Campo e da Floresta, representado pela Secretaria de Politica para as Mulheres (SPM), pelo MS e por Movimentos Sociais de Mulheres, alem de outros orgaos. Para cumprir tal meta o Projeto Para Elas realizou, alem de outras atividades, oficinas locais em cada um dos Municipios, envolvendo os profissionais da rede de atencao as mulheres em situacao de violencia. Em virtude do meu envolvimento com o projeto, tive maior contato com temas relacionados as politicas publicas em saude da mulher, as relacoes de genero e violencia contra a mulher. Desde 2013, participo de reunioes semanais, faco parte da Comissao Organizadora das Oficinas e atuo como colaboradora e pesquisadora das atividades de definicao teorico-metodologica, analise de dados e pesquisa de campo. Como aluna do Mestrado Profissional em Promocao da Saude e Prevencao da Violencia, meu projeto de pesquisa surge vinculado ao Para Elas onde se buscou analisar a atuacao dos profissionais envolvidos na atencao a mulher em situacao de violencia nos 10 municipios prioritarios mencionados. A pesquisa foi realizada com todos os profissionais participantes das oficinas, por meio de entrevistas semiestruturadas, utilizando-se de questionarios autoaplicaveis. Para a analise dos dados utilizaram-se estatisticas descritivas, analise bivariada e, por fim, analise de correspondencia. Para a parte qualitativa, primeiramente foi feita a categorizacao das falas transcritas, a partir das quais foram geradas variaveis para as quais foi realizada distribuicao de frequencia e, de modo articulado, categorias para analise de conteudo. Os resultados apontam que o numero de profissionais que atendeu casos suspeitos e maior do que o numero que atendeu casos confirmados de violencia contra a mulher. No entanto, menos da metade dos profissionais que atendeu casos suspeitos adotou alguma atitude em relacao a eles, havendo forte associacao entre o atendimento desses casos e as atitudes de encaminhar e discutir o caso com a equipe. A adocao de alguma atitude por parte dos profissionais foi mais comum - embora tambem abaixo da metade para a maioria das acoes - diante dos casos confirmados, havendo forte associacao do seu atendimento com as atitudes de seguimento familiar, seguimento e agendamento de retorno da mulher, bem como a abordagem. A subnotificacao ocorre tanto nos casos suspeitos quanto nos casos confirmados. As acoes que devem ser desenvolvidas pelo setor saude para a prevencao da violencia contra a mulher, referidas com maior frequencia pelos entrevistados, foram orientacao/ informacao, capacitacao profissional e investimento em infraestrutura dos servicos, havendo pouca mencao as acoes que envolvem o trabalho com o agressor e com o publico masculino, bem como as que visam o empoderamento das mulheres. A maioria dos entrevistados considera que e papel do setor saude desenvolver acoes de prevencao da violencia contra a mulher, entretanto, apesar de todos eles estarem em posicao de responsabilidade frente a atencao a mulher em situacao de violencia, houve uma elevada proporcao de respostas deixadas em branco ou relatando falta de opiniao formada sobre o assunto. Conclui-se que ainda falta muito para que a Atencao a Mulher em Situacao de Violencia seja devidamente ofertada pela Rede, pois os profissionais rotineiramente encaminham mais do que abordam ou identificam os casos, continuam notificando pouco, nao se sentem capacitados e, as vezes, sequer se veem como responsaveis por essa atencao.
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