A Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian durante o PREC

2020 
A Colecao Moderna do Museu Calouste Gulbenkian – a mais relevante colecao de arte moderna e contemporânea portuguesa, iniciada em 1957 e tutelada pela Fundacao Calouste Gulbenkian (FCG) – carece de estudo aprofundado sobre a sua constituicao e desenvolvimento, ao longo de mais de 60 anos de incorporacoes. A analise a evolucao deste acervo, no momento subsequente a Revolucao de 25 de Abril de 1974, periodo ainda pouco investigado no âmbito da historiografia da arte e do colecionismo em Portugal, torna este estudo ainda mais oportuno. Da pesquisa realizada nos fundos dos Arquivos Gulbenkian e no inventario da colecao concluiu-se que, entre os anos de 1975 e 1977, ocorreu algo sem precedentes no desenvolvimento do acervo: um acordo de compra de obras de arte contemporânea entre a FCG e a Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA), em exposicoes organizadas pela Sociedade. No periodo “quente” e instavel que o pais atravessava, estas duas instituicoes, fundamentais no desenvolvimento do meio artistico portugues, estreitavam lacos de cooperacao. Para alem da alianca institucional, o acordo garantia ainda o apoio financeiro aos artistas e a SNBA, num periodo de estagnacao do mercado da arte nacional. Durante estes anos, o desenvolvimento da colecao foi quase exclusivamente garantido pelas aquisicoes realizadas nestas exposicoes da SNBA, reforcando a representatividade da producao contemporânea e de artistas cujas carreiras se projetariam na decada seguinte. A curta duracao deste acordo estara certamente relacionada com a pacificacao do ambiente politico-social e com o consequente processo de reorganizacao artistica do pais.
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