EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE: UM DIÁLOGO COM O PROGRAMA DE VIVENCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

2016 
APRESENTACAO: “Mas afinal, por que falar de Educacao Popular em Saude na universidade?” Foi refletindo sob a inquietude da pergunta que nasceu a experiencia que buscamos relatar nas linhas que seguem.  O Projeto VER-SUS, uma parceria entre Ministerio da Saude com Rede Unida, Uniao Nacional dos Estudantes e Universidades permite a aproximacao dos estudantes com locais de cuidado em saude. Trata-se de ancorar a formacao multidisciplinar por meio de uma proposta de imersao, onde comecaram a aflorar diversas inquietacoes a respeito de temas, os quais se viam como essenciais para uma formacao voltada ao Sistema Unico de Saude (SUS). Afinal, apos anos de Educacao Freiriana ha a necessidade de realizarmos formacoes para reestabelecer a essencia de a Educacao Popular no fazer em saude? Neste sentido, o genesis da proposta para abordar Educacao Popular em Saude em um espaco de educacao permanente veio de encontro a angustias de estudantes dos cursos de graduacao de Enfermagem e Psicologia de uma Instituicao de Ensino Superior do Litoral Catarinense, a Universidade do Vale do Itajai (UNIVALI), que ao vivenciar as praticas supervisionadas, estagios e projetos de extensao da instituicao sentiram a ausencia e a necessidade de um olhar dialogico, compartilhado e integral. Considera-se os espacos da academia como lugar de encontros e oportunidades para troca de saberes, a imersao do sujeito-estudante com o sujeito-usuario a fim de desconstruir uma perspectiva medico-hegemonico que tradicionalmente imperou as formacoes em saude, de forma a apresentar um “que sabe” e outro que “nao sabe”. Com a realizacao durante o periodo de imersao do projeto supracitado, objetivamos apresentar aos participantes envolvidos com o Projeto VER-SUS temas relacionados a Educacao Popular em Saude como artefato metodologico para uma pratica dialogica e promover a participacao ativa dos estudantes em seu processo de ensino-aprendizagem. Trata-se de propor uma reflexao critica, a partir da interferencia e trocas realizadas entre estudantes de graduacao, sobre modelos de formacao para o SUS, isto e, ofertar um espaco de problematizacao sobre Educacao e Saude em meio a vivencia com a interacao com trabalhadores, usuarios e gestores. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A construcao metodologica da formacao para os viventes do VER-SUS contou com diversas propostas como, rodas de conversa e dinâmicas norteadoras, vivencias e momentos de compartilhamento de experiencias, buscando cruzar teoria e pratica sempre objetivando ao tema de Educacao Popular em Saude. Em diversos momentos havia a presenca de um facilitador para conduzir a discussao ou, em uma perspectiva horizontal, apresentava-se como mediador para ancorar as falas com o objetivo proposto para a roda, respeitando cada colocacao. Diante disso, o planejamento para a formacao em Educacao Popular em Saude esteve inteiramente voltado a perspectiva do educador brasileiro Paulo Freire, tomando como base o Caderno de Educacao Popular do Ministerio da Saude, que destaca a educacao em saude como uma pratica na qual ha a participacao ativa da comunidade, assim como cinco principios Freirianos, a saber: O saber ouvir, a desconstrucao de uma visao magica por meio do processo acao-reflexao-acao, aprender a estar com o outro, abandonar a criticidade absoluta ao assumir a ingenuidade do educando e, entao, viver pacientemente impaciente. A formacao se deu na forma de rodas de conversa, onde perguntas geradoras/problematizadoras foram disponibilizadas para auxiliar no processo de construcao. Vale salientar que as perguntas geradoras nao serviam como modelo engessado a ser seguido, mas sim, contribuiam com uma metodologia em que a construcao parte do coletivo atraves de uma troca de saberes entre os participantes. Buscou-se, com a imersao dos viventes, problematizar qual a diferenca ao agregar o termo “popular” na praxis educacional e apontar possiveis caminhos para desvincular a educacao de um processo vertical que perpetua na historia, em que “eu” fala a “tu”, de forma a gerar um espaco de troca de saberes em que se fala “com” o outro. E importante salientar que alem do vivente ter a possibilidade de tomar conhecimento sobre a educacao popular em saude, fez educacao popular consigo mesmo, com o outro, no espaco de formacao do VER-SUS que pode ser tambem considerado uma referencia de movimento que objetiva orientar as acoes de luta no fazer social, no coletivo em busca da cidadania e principalmente na reinvencao da vida. Para alem do VER-SUS, fazer educacao popular em saude seria construir praticas juntamente com o os usuarios em seu dia a dia. Isto poderia denominar o que Paulo Freire chama de saber mudar, conhecer a realidade, a construcao historica e social da comunidade onde se esta inserido, conhecer a si mesmo para conseguir olhar o outro, na integralidade. Paulo Freire salienta que nao basta querermos mudar a sociedade ou dialogar sobre ela, mas que se faz necessario ir alem, fazer as palavras agirem, tomar impulso de acao atraves dos dialogos, e necessario saber fazer, como mudar e esta mudanca precisa ser pensada e escalada em direcao a igualdade e horizontalidade do trabalho integral e coletivo, com instrumentos criados no contato humano, nas diferentes sabedoras – populares e as cientificas, pois se assim nao for, se o conhecimento e acao nao forem na horizontal fica-se aquem do outro e da politica que orienta os direitos e deveres da populacao, para um resultado de empoderamento coletivo, de territorio, do ser humano. E e este o movimento inspirado pelo VER-SUS, a importância de conhecer as pessoas, o que as movimenta, as suas necessidades de saude, para olha-las na sua integralidade, e assim construir a Educacao em Saude. RESULTADOS: Para tanto, vimos que uma formacao voltada para a Educacao Popular em Saude pode oferecer frutos em longo prazo, ou seja, proporcionar uma determinada direcao de discussoes e reflexoes partindo da premissa Freiriana. Trata-se de permitir ao ser, neste caso, ao academico de graduacao, ter a percepcao da realidade, da aplicabilidade e da resolubilidade que tal ato promove, faz com que as atitudes tomadas como profissional sejam analisadas a partir desta perspectiva, que permite ao outro atuar como protagonista de sua propria historia. O fato de nao elencar um mediador para os grupos de discussoes permitiu a horizontalidade e mutualidade nos processos de construcao e desconstrucao dos saberes. Os efeitos percebidos decorrentes da experiencia relevam um desejo em contagiar outros atores com metodologias e perspectivas criativas e inovadoras, capazes de transformar as praticas em saude e os modos de fazer gestao nos processos de cuidado e tomadas de decisoes. Assim, ao apostar na inclusao de outros atores implicados com o SUS, pode-se perceber a reverberacao no fortalecimento de um sistema de saude com qualidade e para todos, por isso, o necessario investimento no protagonismo academico. CONSIDERACOES FINAIS: O VER-SUS e um importante espaco para a construcao da educacao popular em saude, mas ha que se ter para alem do VER-SUS espacos coletivos que movimentem e integrem os atores sociais para que nao nos percamos em uma tentativa de pensar mudanca, mas nao faze-la. Para isto Paulo Freire, em seus ensinamentos, nos remete a historia pela qual herdamos - a de nao fazer parte das escolhas e decisoes da sociedade, isto e cultural, e heranca historica. A pluralidade de olhares e as realidades podem ser a chave para compreender a vida, concepcoes que permitam a passagem para a diferenca e a diversidade.
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