Dos saberes imateriais à concepção dos artefatos: uma etnografia do design vernacular em um quilombo da Paraíba.

2020 
Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar como o saber imaterial esta simbolizado na concepcao dos artefatos produzidos em comunidades quilombolas no estado da Paraiba. O design vernacular resultante de processos produtivos tradicionais que refletem uma profunda e intima relacao com seu territorio de origem, expressando sua historia, sua cultura, suas relacoes sociais e seus saberes imateriais esta sendo substituido pela incorporacao de novos produtos industrializados e desaparecendo junto com as tecnicas que se perpetuavam com os ensinamentos passados dentro do nucleo familiar e social. E, alem disso, as praticas, expressoes, saberes, processos, formas de viver e tecnicas que eram reproduzidas historicamente dentro de um determinado grupo estao se desconfigurando pela falta de interesse dos mais jovens. Todavia, como forma de registrar e resgatar a Cultura Imaterial dessas comunidades, pesquisadores vem realizando descricoes sobre o universo simbolico materializado nos proprios modos de producao de artefatos representando o contexto e a identidade individual e coletiva. Assim, buscando compreender esta dinâmica simbolica entre artefatos e saberes imateriais, este trabalho tem enquanto proposito o de responder a seguinte questao de pesquisa: de que forma os artefatos vernaculares em comunidades quilombolas simbolizam os saberes de sua cultura imaterial? A pesquisa foi realizada buscando analisar como a imaterialidade se simboliza na concepcao dos artefatos produzidos na Comunidade Quilombola do Grilo, em Riachao do Bacamarte, no estado da Paraiba. Para a coleta de dados foi empregada a Etnografia, que e um procedimento metodologico que surgiu no interior da Antropologia, mas que tambem vem sendo utilizada em outras ciencias. Esteve embasada na Observacao Participante, onde o pesquisador buscou se incorporar na comunidade, vivendo o cotidiano deste ambiente. Alem disso, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas, feito uso do diario de campo e de registros fotograficos. Enquanto resultados, percebe-se que a concepcao dos artefatos vernaculares nesta comunidade (como as loucas de barro que foram os principais artefatos selecionados para a analise dos dados) se reproduzem a partir de saberes imateriais que foram repassados, principalmente, a partir de uma estrutura historica-familiar. E que esta simbolizacao se representa a partir da morfologia do artefato, que traz em si uma gama de elementos que determinam a sua estetica-formal, resultado da propria metodologia empirica empregada que e adaptada de acordo com o periodo historico vivido. Alem disso, o que mais caracteriza essa simbolizacao e a sustentabilidade da cultura imaterial, que e transmitida de forma oral, onde se preservam alguns aspectos, sendo que outros sao atualizados, mas que determinam a identidade etnica de um grupo e do seu particular design vernacular.
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