Levonorgestrel como contraceptivo de emergência e sua influência sobre algumas funções espermáticas
2011
O mecanismo de acao do levonorgestrel (LNG) na anticoncepcao de emergencia (AE) ainda nao esta totalmente esclarecido e seu efeito nas funcoes espermaticas tambem nao esta explicado. Os objetivos deste trabalho foram avaliar se o LNG, em dose igual a observada apos a ingestao oral para AE, poderia afetar espermatozoides expostos in vitro a tuba uterina humana e realizar uma revisao bibliografica sobre o efeito do LNG nas diferentes funcoes espermaticas. Foram realizados 15 experimentos. As tubas uterinas foram removidas atraves de mini-laparotomias e foram perfundidas com uma suspensao contendo 1x106 espermatozoides moveis, com e sem LNG. A tuba correspondente ao lado onde o foliculo dominante estava presente recebeu a suspensao com LNG em pacientes alternados. Apos um periodo de incubacao de 4 horas, o istmo e a ampola de cada tuba foram separados. Cada segmento foi lavado separadamente e o material obtido foi avaliado quanto ao numero de espermatozoides moveis recuperados, numero de espermatozoides aderidos ao epitelio tubario e taxa de reacao acrossomica (RA). A presenca do LNG nao afetou significativamente o numero de espermatozoides moveis recuperados do istmo e da ampola, e nao afetou o numero de espermatozoides aderidos ao epitelio tubario. O LNG tambem nao influenciou a taxa de RA. Diferencas significativas tambem nao foram observadas quando o lado ovulatorio foi considerado. A revisao bibliografica realizada deixou evidente que existem poucos estudos que analisam a influencia do LNG como AE sobre as funcoes espermaticas, apesar de este ser um possivel mecanismo de acao. Alem disso, os estudos revisados utilizam diferentes metodos de avaliacao e os resultados sao, muitas vezes, contraditorios. De acordo com os resultados observados na literatura, quando o LNG e usado na AE, provavelmente nao atinge concentracao plasmatica suficiente para ser reconhecido pelos receptores de progesterona (P). Resultados positivos so foram observados quando a dose de LNG utilizada nos experimentos foi comparavel ao sistema intrauterino liberador de LNG (SIU-LNG), ou seja, muito maior que a utilizada na AE. O LNG, em dose similar a observada no plasma apos a ingestao oral para AE, nao afetou o numero, a aderencia ao epitelio tubario, a distribuicao e a taxa de RA de espermatozoides na tuba uterina humana, in vitro. De acordo com os resultados observados na literatura, se o LNG, na concentracao utilizada para AE, afeta ou nao a funcao espermatica ainda nao esta claro, e mais estudos sao necessarios.
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