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Os deuses que dançam em São Paulo

2001 
Este livro estava fazendo falta. Nele, Reginal-do Prandi, conhecido especialista do campo afro-brasileiro, nos apresenta uma soma de mitos ilus-trativos da significacao de cada um dos orixas quehoje dancam nos terreiros brasileiros. Consegueharmonizar erudicao e recriacao poetica ao trans-crever, em poemas de versos livres, historias reco-lhidas ao longo da pesquisa de campo e lendasencontradas nos textos dos estudiosos.A obra se situa, por assim dizer, na dobradicaque une tradicao religiosa e producao academica,transmissao oral e registro escrito. Assim fazendo,Reginaldo Prandi toma clara posicao entre osautores que, sem deixar de homenagear o valor eo peso das referencias africanas, veem o candom-ble como uma religiao em franca expansao epermanente transformacao, na qual novos mitos eritos podem estar surgindo e merecem o registro,com a mesma legitimidade que outrora — emevidente ilustracao da permanencia, entre os cien-tistas sociais, do “idolo das origens”, como diziaMarc Bloch — se atribuia exclusivamente as “raizesafricanas”.A questao das fontes das informacoes compi-ladas pela equipe coordenada por Prandi ao longode varios anos e por ele tratada com peculiarsutileza, ao referir-se ao material proveniente doscadernos redigidos por iniciados de alta patente.Esses cadernos continham recomendacoes refe-rentes aos diversos rituais de oferenda, bem comoa narrativa dos mitos que lhes davam sustento.Ainda que sempre aludidos de forma mais oumenos sigilosa, ha muito tempo circulavam entreos terreiros e parte do seu conteudo ha muitotambem ja havia sido publicada por diversos pes-quisadores. E com muito tato e delicadeza que oautor se esforca em situar os emprestimos — nemsempre claramente assumidos — e deslindar oscaminhos ao longo dos quais os ensinamentos deuma das mais ilustres maes-de-santo da Bahia seforam transmitindo e transformando. Tal sutileza,diga-se de passsagem, faz tambem parte do estiloproprio do povo-de-santo, apreciador de comenta-rios intrigantes sobre a fundacao dos terreiros, ocomportamento dos seus dignitarios e a constitui-cao das familias-de-santo.O livro pode ser lido, portanto, em variosniveis. Primeiro, o academico, com o levantamentoquase exaustivo dos autores que transcreverammitos referentes aos orixas na Nigeria, no Benin,em Cuba e no Brasil. Cada mito relatado no corpodo texto remete a uma nota que, no fim do volume,analisa criticamente as fontes e as diversas versoes.Do mesmo modo, as fontes orais sao minuciosa-mente estipuladas, bem como a identificacao dosterreiros de Sao Paulo onde foi realizado o trabalhode campo. Um glossario completa a informacaoetnologica.Mas pode ser visto tambem como uma tenta-tiva, particularmente bem-sucedida, de divulgacaode importante vertente da cultura brasileira. Para opublico mais amplo, “mitologia” remete quase queexclusivamente a mitologia
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