Mensuração da espessura de tecidos moles da face de indivíduos brasileiros adultos

Introducao: Nas area das Ciencias Forenses (em especial, na Medicina Legal e na Odontologia Legal), ha alguns metodosque permitem identificar cadaveres e ossadas. Tais metodos sao comparativos, ou seja, e preciso haver um suspeito e informacoes anteriores (ante-mortem) do mesmo, para que possam ser confrontadas com as informacoespost-mortem. Os metodos considerados primarios sao a datiloscopia, o exame de dados odontologicos e o exame de DNA. Porem, quando nao ha possibilidade de corpos serem identificados, por nao existir um suspeito e nao haver dados suficientes para ser confrontados, a Reconstrucao Facial Forense (RFF) podera ser uma ferramenta muito importante. A RFF e uma tecnica que pode possibilitar o reconhecimento de um individuo. E realizadaa partir da modelagem dos contornos dos tecidos faciais sobre um crânioencontrado sem identificacao. Para isto, e necessario ter o conhecimento das espessuras dos tecidos moles faciais (ETMFs) que recobrem as estruturas osseas do crânio subjacente,utilizadas como base para a obtencao do contorno facial. Estas espessuras podem ser influenciadas e variar de acordo com o sexo, a ancestralidade, a idade, e o indice de massa corporal (IMC). Objetivo: Este trabalho teve como objetivomensurar as ETMFs de sujeitos brasileiros adultos vivos, considerando-se as variaveis sexo, cor de pele, idade e o IMC, a partir de imagens de tomografia computadorizada de feixe conico (TCFC). Metodologia: Atraves do emprego do software Osirix Lite, foram mensuradas as espessuras de tecidos moles faciais, utilizando-se 21 pontos craniometricos de referencia, de 92 imagens tomograficas (62 de sujeitos do sexo feminino e 30 do sexo masculino). Resultados e discussao:Os resultados mostraram que, em relacao a variavel sexo, as mulheres, na maioria das vezes, apresentaram as espessuras de tecidos moles da face menores do que os homens. Em seis pontos craniometricos (glabela, nasion, infradentale, eminencia frontal, supraorbital e linha oclusal) houve interacao com o sexo e a cor de pele, mas a significância foi correspondente a cor da pele em dois pontos (eminencia mentoniana e suborbital). O IMC nao evidenciou interacao com o sexo, mas, em dois pontos (filtro medio e supradentale), independentemente do IMC, os homens apresentaram valores maiores de espessuras. Nos demais pontos, apenas o IMC influenciou nas espessuras dos tecidos moles faciais. Nao houve interacao entre o sexo e a idade, pois a analise nao foi significativa, mostrando-se independentes. Mas, em quatro pontos (supradentale, infradentale, eminencia frontal e gonion) a idade teve efeito significativo.Conclusao: Novos estudos sao necessarios, sobretudo no que diz respeito as variaveis IMC e cor da pele, em especial de sujeitos magros e nao brancos. Isto proporcionara uma contribuicao positiva nas RFFs,trazendo resultados vantajosos e validos, atraves da utilizacao de valores de ETMFs correspondentes ao perfil biologico e caracteristicas populacionais do individuo que tera sua face reconstruida.