Os efeitos da risperidona nos níveis de prolactina numa amostra de crianças e adolescentes com autismo

2010 
Introducao: O autismo e uma patologia complexa do neurodesenvolvimento, sem terapia curativa disponivel, consistindo o tratamento de base na planificacao educativa e comportamental. O recurso a farmacoterapia justifica-se quando existem comportamentos disruptivos, que interferem negativamente no sucesso educativo e na qualidade de vida das criancas e suas familias. Neste contexto, a risperidona tornou-se o antipsicotico mais vezes prescrito. Embora aparentemente segura e eficaz, preocupacoes relacionadas com o seu efeito nos niveis de prolactina tem emergido, sobretudo durante o crescimento e o processo evolutivo do neurodesenvolvimento. Objectivos: Teve-se como objectivo, para alem da confirmacao da efectividade da risperidona, evidenciar a sua repercussao nos niveis de prolactina. Pretendeu-se ainda, averiguar os efeitos da hiperprolactinemia a curto e a longo prazo, na tentativa de abordar uma conduta terapeutica. Populacao e Metodos: Procedeu-se ao estudo prospectivo de um grupo de 34 criancas e adolescentes (idade media 8,75 anos ± 3,7; 26 do sexo masculino) com o diagnostico de autismo e problemas de comportamento de significado clinico, com indicacao para tratamento com risperidona. Aavaliacao da resposta comportamental e dos niveis de prolactina foi realizada no tempo 0 (sem terapeutica) e nos tempos 1, 3, 6 e 12 meses apos a introducao do farmaco. Resultados: A risperidona foi efectiva no tratamento dos comportamentos disruptivos, mas associou-se a uma elevacao significativa e mantida dos niveis de prolactina. No entanto, relatou-se apenas um caso de galactorreia, nao se tendo verificado outros sintomas ou sinais relacionados com a hiperprolactinemia. Conclusao: Na amostra estudada, a risperidona revelou grande efectividade no controlo dos comportamentos disruptivos. Contudo, a hiperprolactinemia secundaria ao tratamento nao deve ser negligenciada. As implicacoes clinicas de indices permanentemente aumentados de prolactina, designadamente durante o crescimento e o neurodesenvolvimento, continuam pouco claras. Dada a lacuna de evidencia nesta area, recomenda-se uma prescricao criteriosa e monitorizada deste farmaco.
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