A POESIA LÍRICA DE CAMÕES EM PROCESSO: da metáfora do exílio nas redondilhas de “Sôbolos rios que vão” ao tema da mudança nos sonetos em medida nova

2021 
Este Trabalho de Conclusao de Curso apresenta um estudo sobre a poesia lirica de Luis Vaz de Camoes, tendo em vista o processo de passagem de sua producao vinculada a tradicao do periodo humanista, estilo conhecido como “medida velha”, para o “estilo novo”, ou “medida nova”, conjunto de regras e preceitos esteticos divulgados em Portugal, por Sa de Miranda, ao qual aderiu o poeta Luis de Camoes. O poema “Sobolos rios que vao” constitui o corpus desta pesquisa, pois entendemos que essa obra exemplifica a transicao entre a expressao lirica da “medida velha” para a “medida nova”, uma vez que, ao mesmo tempo que se constroi com versos redondilhos, com estrofes que remetem a forma das cantigas, - portanto a poesia do periodo humanista -, por outro lado, apresenta uma reflexao lirica densa, que envolve as concepcoes filosoficas neoplatonicas, tipicas da estetica classica. Alem disso, pode-se perceber que a tematica da mudanca, presente na primeira parte do poema, se conecta ao tema de varios sonetos, como os conhecidos “Mudam-se os tempos mudam-se as vontades” e “Na ribeira do Eufrates assentado”, que tambem abordamos ao longo da leitura aqui apresentada. “Sobolos rios que vao” e composto por trezentos e sessenta e cinco versos redondilhos no total, dispostos em trinta e sete estrofes, sendo trinta e seis decimas e uma quintilha e se constroi em torno do Salmo 137, com o qual dialoga, estabelecendo com ele relacoes intertextuais e, portanto, interdiscursivas, importantes para a leitura do texto, uma vez que e a partir dos versiculos que o poeta desenvolve suas reflexoes. Assim, o objetivo desta pesquisa e apresentar uma leitura dos estudos de alguns criticos sobre o corpus e, entao, propor uma leitura explicativa sobre ele a partir da interpretacao sequencial das estrofes, tendo em vista o dialogo estabelecido com o Salmo 137 e, tambem, com o tema da mudanca, presente, principalmente, na primeira parte do poema e em alguns sonetos camonianos. Esta leitura justifica-se como uma modesta contribuicao para as investigacoes sobre o poema e nao tem a pretensao de esgotar a analise sobre ele, obra esta que vem sendo submetida a analise critica por seculos e sobre a qual muito se ha de dizer ainda. Esta pesquisa tem carater bibliografico e fundamenta-se nos seguintes estudos: concernente ao autor, a obra, as perspectivas historicas e culturais e, sobretudo, quanto aos aspectos das poeticas lirica e epica, utilizamos os estudos criticos de Saraiva; Lopes (1976), Rodrigues (1993), Moises (2001) e Cunha (1980); no que se refere a influencia do platonismo no poema, nossos estudos foram fundamentados no que propoe Menegaz (2013); a fim de analisar a estruturacao e interpretacao do poema, partimos, principalmente, de Berardinelli (2000) e, por fim, para desenvolver a analise do dialogo entre textos, aplicamos os estudos de Fiorin (2006) sobre os conceitos de intertextualidade e interdiscursividade.
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