GORDURA ALIMENTAR E RISCO De Acidente Vascular Cerebral Isquémico no Norte de Portugal

2007 
Introducao: Alguns estudos internacionais sugerem a existencia de uma associacao inversa entre o consumo de lipidos e o risco de acidente vascular cerebral (AVC) isquemico. Ao contrario da doenca coronaria, apenas 10% a 15% dos AVCs isquemicos se relacionam com a aterosclerose dos grandes vasos. Isto leva a supor a existencia de mecanismos diferentes para as duas patologias. Assim, desenvolveu-se um estudo com o objectivo de quantificar o risco de AVC isquemico em relacao com a ingestao de lipidos. Populacao e Metodos: Estudo caso-controlo, que incluiu 297 individuos de ambos os sexos, internados no Hospital de S. Joao – Porto, com primeiro episodio de AVC isquemico. Avaliou-se tambem um grupo de 671 controlos, de ambos os sexos, seleccionados por aleatorizacao de numeros de telefone. Todos os participantes residiam na area geografica de influencia do Hospital de S. Joao, tinham idade igual ou superior a 44 anos, eram de raca caucasiana, sem alteracoes cognitivas e nao tinham modificado os seus habitos alimentares no ultimo ano. As informacoes foram obtidas atraves de um questionario estruturado, de administracao indirecta, que compreendia questoes socio-demograficas, antecedentes pessoais e familiares de doenca e caracteristicas comportamentais (actividade fisica, habitos tabagicos, habitos alimentares). A ingestao alimentar foi avaliada pela aplicacao de um questionario semi-quantitativo de frequencia de alimentos. Para o calculo das estimativas do risco relativo (odds ratio) e respectivos intervalos de confianca a 95% aplicou-se a analise de regressao logistica, de acordo com modelos estratificados por sexo. Resultados: O contributo energetico dos lipidos foi inferior a 30%, sendo menor que 10% o de acidos gordos saturados (AGS) e o de acidos gordos polinsaturados (AGP), mas com niveis de colesterol, nos homens, superiores a 300 mg. Concomitantemente, verificamos que quartis crescentes de lipidos totais, de acidos gordos monoinsaturados (AGM), AGP, AGS e de colesterol sao factores protectores independentes. Contudo, o consumo de acidos gordos com configuracao trans aumenta o risco de AVC isquemico. A ingestao de acido oleico e linolenico so revela proteccao significativa nas mulheres, enquanto a ingestao da totalidade de acidos gordos (AG) n-3 e particularmente do acido dodecohexanoico revelam proteccao significativa em ambos os sexos. A totalidade dos AG n-6 e o acido linoleico tambem se associam inversamente com o risco de AVC isquemico nas mulheres, contudo revelam tendencia para se associarem directamente com a doenca cerebrovascular isquemica nos homens. Conclusao: A ingestao de gordura total, de AGS, AGM e de AGP associa-se a menor risco de AVC isquemico. Pelo contrario, a ingestao de AG trans associa-se a maior risco.
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