Mensuração da espessura de tecidos moles faciais de crianças e adolescentes brasileiros

Introducao: A identificacao humana e indispensavel tanto por razoes legais como humanitarias. Ha situacoes em que corpos encontrados nao sao passiveis de reconhecimento ou nao ha suspeicao de quem possa ser o de cujus, impossibilitando a sua identificacao. Nestes casos, pode-se confeccionar uma Reconstrucao Facial Forense (RFF) para possibilitar o reconhecimento e posteriormente levar a uma possivel identificacao. Na RFF sao utilizados valores de espessuras de tecidos moles faciais (ETMFs) em diversos pontos craniometricos, que correspondem a medidas que servem como guia para estabelecer um limiar do contorno da face. Podem ser influenciadas por fatores como sexo, ancestralidade, idade e indice de massa corporal (IMC). Dados de ETMFs de populacoes especificas, considerando as diferentes variaveis, permitem a realizacao de RFFs mais fidedignas. Nao ha na literatura tabelas de ETMFs de criancas e adolescentes brasileiros. Objetivo: Realizar a mensuracao de ETMFs de criancas e adolescentes brasileiros, a partir de dados de imagens de Tomografias Computadorizadas de Feixe Conico (TCFC) de individuos vivos, considerando-se as variaveis sexo, idade, cor da pele e indice de massa corporal, possibilitando a confeccao de RFFs a partir de dados nacionais. Metodologia: Foram mensurados 21 pontos craniometricos pre-determinados com emprego do software Osirix Lite de imagens de TCFC da regiao de cabeca e pescoco de 103 nao adultos brasileiros (39 criancas e 64 adolescentes), obtidas junto a arquivos de imagens de uma clinica de Radiografias e Documentacoes Odontologicas de Araraquara–SP. Projeto aprovado pelo Comite de Etica em Pesquisa em Seres Humanos da FOAr-Unesp (CAAE 02835412.1.0000.5416). Resultados e discussao: Em criancas houve diferenca significativa (p=0,05) nos pontos supraglabela, glabela, rinio, supradentale, supraorbital e gonion, e em adolescentes, nos pontos nasion, rinio, filtro-medio, supradentale, infradentale e na eminencia frontal. Nestes, o sexo feminino apresentou media de espessura menor do que a do sexo masculino. Em 16 pontos craniometricos, criancas do sexo feminino brancas apresentaram medias de ETMFs mais baixas do que as nao brancas. O mesmo, no sexo masculino, aconteceu com 9 pontos. No ponto gonion, houve evidencia de que a media de espessura de criancas com cor da pele nao branca e maior do que as brancas, seja qual for o sexo. Adolescentes brancos do sexo feminino apresentaram medias de ETMFs mais baixas do que nao brancos em 17 pontos. No ponto suborbital, independente do sexo, a media encontrada para individuos brancos foi significativamente menor. Dezesseis adolescentes do sexo feminino com IMC acima do normal apresentaram valores medios de ETMFs maiores do que os com IMC normal. O mesmo ocorreu em 15 pontos nos adolescentes do sexo masculino. Conclusao: Os dados obtidos constituem importante contribuicao para a realizacao de RFFs de criancas e adolescentes brasileiros. Novos estudos sao sugeridos, visto que em nosso pais ha um alto indice de desaparecimento e de homicidios de criancas e adolescentes.