Fatores associados à permanência de estomia definitiva em pacientes submetidos à ressecção anterior do reto por câncer retal

2015 
Os principais fatores associados a permanencia de estomias definitivas sao complicacoes relacionadas a anastomoses baixas em pacientes submetidos a excisao total do mesorreto para tratamento de câncer de reto. Varios autores recomendam a protecao da anastomose com ileostomia descompressiva. Contudo, muitos pacientes nunca tem a estomia, inicialmente prevista como temporaria, fechada. O objetivo deste estudo foi determinar, em coorte de pacientes com adenocarcinoma do reto submetidos a resseccao anterior do reto com intencao curativa e preservacao esfincteriana, os fatores associados e a taxa para nao fechamento da ileostomia protetora. Foram avaliadas a taxa de morbidade associada a operacao para fechamento da ileostomia e a taxa de estomia permanente apos longo periodo de acompanhamento. De 174 pacientes consecutivos com tumores retais tratados no Instituto Alfa de Gastroenterologia/ Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, 92 com diagnostico de adenocarcinoma do reto foram incluidos no estudo. A idade media dos pacientes foi de 55,6 anos (DP[desvio-padrao]: ±13,6 anos); 71 (77,2%) tinham menos de 65 anos. Houve predominância de homens (53,3%). A ileostomia foi fechada apos a resseccao anterior do reto em 62 (67,4%) pacientes, no intervalo mediano de oito meses (IIQ [intervalo interquartil]: 5,0-10,0 meses). Dos que nao tiveram a ileostomia fechada, em 17 (56,6%) houve progressao da doenca, nove (30,0%) permaneceram em tratamento quimioterapico por mais de 12 meses, dois (6,7%) tiveram comorbidades que impediram a operacao e outros dois (6,7%) tiveram complicacoes associadas a primeira operacao. Os resultados da analise multivariada para determinar os fatores associados ao nao fechamento da ileostomia identificaram a fistula de anastomose (RP [razao de prevalencia] 2,93, IC 95%: 1,23-6,97; p=,015) e metastases sistemicas (RP: 3,64, IC 95%: 1,75-7,60; p=<,001) como fatores de risco. Dos 62 pacientes que tiveram a ileostomia fechada, 11 (17,7%) exibiram algum tipo de complicacao pos-operatoria - tres tiveram fistula da anastomose e cinco obstrucao intestinal - dois com infeccao da ferida operatoria e um com pneumonia. Desses, oito tiveram o estoma refeito. Todos com complicacoes posoperatorias, exceto os com infeccao da ferida operatoria e pneumonia, foram reoperados e tiveram o estoma refeito. Durante todo o periodo do estudo (84 meses), dos 92 pacientes avaliados, 54 (58,7%) tiveram o trânsito intestinal reconstruido e 38 (41,3%) permaneceram com estomia definitiva. Os resultados da analise multivariada para determinar fatores associados a nao reconstrucao do trânsito intestinal mostraram que em pacientes com a ileostomia fechada em vigencia de quimioterapia, a prevalencia foi 4,21 vezes maior de nao reconstrucao (IC 95%: 1,003-17,657, p=,049). Fistula de anastomose, metastases e o fechamento da ileostomia durante a quimioterapia sao fatores associados a nao reconstrucao do trânsito intestinal em pacientes com adenocarcinoma do reto, submetidos ao tratamento dessa doenca. As implicacoes da realizacao de ileostomia apos a resseccao anterior do reto nao devem ser subestimadas e muitos pacientes podem definitivamente permanecer com uma. E fundamental, entao, caracterizar os fatores relacionados ao nao fechamento da ileostomia e as complicacoes associadas, para que, no pre-operatorio, os pacientes recebam orientacoes realistas e nao criem falsas expectativas.
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