RELATO DE CASO: LEUCEMIA CRÔNICA DE LINFÓCITOS GRANDES GRANULARES

2021 
Introducao A leucemia de grandes linfocitos granulares (LGLG) e um tipo raro de doenca clonal caracterizada pela infiltracao periferica e medular de celulas linfociticas grandes hipergranulares associada a esplenomegalia e citopenias. Compreende cerca de 2-5% de todas as malignidades de celulas T/NK, acometendo faixas etarias mais avancadas e apresenta comportamento clinico indolente na maior parte dos casos, porem pode evoluir com formas agressivas associado a anemias hemoliticas autoimunes, e esplenomegalia macica, com alta mortalidade. Objetivo Este relato tem por objetivo relatar um caso raro de leucemia de linfocitos grandes granulares. Metodologia Paciente feminino 51 anos, sem comorbidades, apresentou quadro em 2009 de anemia intensa dependente de transfusao associado a esplenomegalia volumosa. Na ocasiao, optado pela esplenectomia seguido de quimioterapia, com hipotese de Linfoma de celulas T. Apos procedimento, evoluiu com normalizacao dos niveis de hemoglobina ate 2017, quando passou novamente a apresentar quadro de anemia leve, evoluindo em 2019 com intensificacao desta anemia autoimune, sendo refrataria a transfusoes e a corticoterapia. Solicitado analise medular, com presenca de 33% de linfocitos com subpopulacao de linfocitos grandes granulares. Na citometria de fluxo, demonstrado 32,52% de celulas CD3++ com diminuicao de intensidade de CD8, CD2 e CD5, CD 57 het, com negatividade do ultimo por parte da populacao, expressao heterogenea de CD7 e positividade para marcadores de diferenciacao NK CD16/56, com CD27 e TCL negativos. Biopsia e Imuno-Histoquimica de Medula Ossea nao foram conclusivos. Foi solicitado estudo de rearranjo TCR no laboratorio de Citometria do Albert Einstein, com presenca de monoclonalidade em TCR-V-beta. Iniciado entao, terapia com Metotrexato semanal e corticoterapia, porem com falha apos quase 6 meses de tratamento. Iniciado terapia com Ciclofosfamida por 8 meses, com resposta satisfatoria, permanecendo em niveis de hemoglobina controlados ate este ano, quando passou a apresentar piora dos niveis hematimetricos, sendo iniciado terapia com Ciclosporina atualmente. Discussao A forma LGLG-T indolente representa mais de 80% dos casos, com maior acometimento entre os idosos, fazendo com que as LGL-NK se tornem ainda mais raras. A etiologia da LGLG ainda e desconhecida, mas acredita-se que mecanismos autogenicos ou antigenos virais possam levar a ativacao das celulas T, levando cronicamente a um estimulo que ocasionaria a sintese aumentada de GLGs. A apresentacao clinica da doenca dependera essencialmente do subtipo citologico envolvido, podendo ser: LGLG-T indolente, LGLG-T variante agressiva, LGLG- NK agressiva, Linfocitose NK cronica indolente. Para os pacientes portadores de LGLG-NK que se apresentam oligossintomaticos, com evolucao clinica mais favoravel, como e o caso da paciente relatada, pode-se tentar os esquemas terapeuticos descritos para os casos de LGLG-T com imunossupressores, como Metotrexato, a Ciclofosfamida e a Ciclosporina. Entretanto, caso evolucao desfavoravel, pode ser considerada a poliquimioterapia. Conclusao Apesar dos avancos na etiopatologia, diagnostico e tratamento, a raridade desta doenca dificulta sua plena caracterizacao e consequentemente melhor terapeutica. A necessidade de exames como imunofenotipagem e teste de clonalidade, restritos a poucos centros, torna seu diagnostico ainda mais limitado. Portanto, esta patologia deve fazer parte do diagnostico diferencial de citopenias e linfocitoses.
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