Adesão de pediatras às diretrizes para doenças gastrointestinais

2019 
Introducao: Diretrizes de pratica clinica sao publicacoes com recomendacoes baseadas em evidencia cientifica que tem o objetivo de aprimorar e padronizar a pratica profissional em saude. A adesao a essas diretrizes tem sido objeto de estudo em diferentes areas da medicina e costuma ser baixa mesmo em contextos socioeconomicos mais favoraveis. Embora as doencas gastrointestinais em criancas sejam prevalentes e tenham alto impacto em morbidade, mortalidade e custos, a adesao de pediatras as diretrizes para manejo de patologias do trato digestorio e ainda pouco estudada. Objetivo: Avaliar a adesao de pediatras brasileiros as diretrizes para doencas gastrointestinais. Metodos: Foram realizados dois estudos observacionais, transversais, com aplicacao de questionarios a pediatras convidados aleatoriamente em areas de convivencia do Congresso Brasileiro de Pediatria (CBP), o maior e mais representativo evento dentro da especialidade no pais. O primeiro estudo foi executado durante o 37o CBP, na cidade do Rio de Janeiro-RJ, no periodo de 13 a 16 de outubro de 2015, e avaliou a adesao dos pediatras a diretriz publicada em conjunto pela Sociedade Europeia e Norte-americana de Gastroenterologia Pediatrica (2009), com recomendacoes sobre manejo de refluxo gastroesofagico (RGE) em criancas. Foi aplicado um questionario padronizado, previamente utilizado em estudo multicentrico europeu, e traduzido para o portugues. O segundo estudo foi executado durante o 38o CBP, em Fortaleza/CE, no periodo de 10 a 14 de outubro de 2017, e avaliou a adesao de pediatras as recomendacoes do Consenso Brasileiro de Alergia Alimentar (2007) e de diretrizes internacionais, a consciencia na adesao e as razoes para desacordo intencional. Foi construido um questionario e submetido a validacao de conteudo pela tecnica Delphi em 5 etapas com 6 juizes especialistas na area de alergia alimentar. Em ambos os estudos, foram avaliadas as caracteristicas dos entrevistados, taxa de adesao e realizada analise por regressao logistica em busca de variaveis preditoras de adesao. Resultados: No primeiro estudo, foram entrevistados 390 pediatras das cinco regioes do pais e nenhum aderiu totalmente as recomendacoes. Observamos uma taxa de adesao de 23,7% no diagnostico de RGE e 42% no tratamento. A unica variavel considerada como preditora de baixa adesao no diagnostico, apos analise multivariada em modelo de regressao logistica, foi trabalhar em servico publico (p = 0,026). Nao houve diferencas estatisticamente significantes entre as diferentes regioes do pais no escore total (p = 0,774). No segundo estudo, foram entrevistados 415 pediatras das cinco regioes brasileiras; nenhum apresentou adesao total e 69 (16,7%) apresentaram taxa de adesao satisfatoria (≥80%). As variaveis ‘atender mais de 10 criancas com suspeita de alergia ao leite de vaca por mes’, ‘ter lido o Consenso Brasileiro’ e ‘conhecer alguma diretriz internacional’ estiveram associadas a adesao satisfatoria. Em 8/10 questoes que avaliaram consciencia na adesao as diretrizes, a minoria (20,3-43,5%) dos entrevistados sabia estar em acordo com elas. Conclusoes: A adesao dos pediatras brasileiros as recomendacoes presentes em consensos e diretrizes para RGE e Alergia Alimentar e baixa. A adesao as recomendacoes em Alergia Alimentar, quando presente, nao e na maioria das vezes consciente. Conhecer as recomendacoes e atender maior numero de criancas com suspeita de Alergia Alimentar favorece a adesao.
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